O blog Conceitos Táticos, como o próprio nome entrega, visa abordar os conceitos táticos no mundo do futebol. Meu objetivo é analisar, provocar, fazer pensar, discutir e tirar dúvidas sobre o assunto. Estou sempre aberto a opiniões, sugestões, críticas, perguntas, discordâncias e etc.

sexta-feira, 9 de março de 2012

Conceitos Defensivos: Aspectos Teóricos

        Tenho observado algumas situações quanto ao comportamento defensivo de algumas equipes brasileiras com as quais não concordo. Antes de discutir isso, gostaria de definir aqui alguns conceitos defensivos baseados na marcação por zona.
            O princípio básico que norteia a marcação por zona está na distribuição equilibrada e eqüidistante de espaços ocupados por todos os atletas. Com isso, há uma divisão de funções entre os atletas, sem sobrecarregar ninguém e gerando menor desgaste. Além disso, as linhas devem jogar próximas entre si, o que deixa o time compactado e assim dificulta as ações do adversário diminuindo seu espaço.
            Cumprindo esse princípio, a equipe tem grandes chances de conseguir seus três objetivos principais: não tomar gol, evitar a progressão do adversário e roubar a bola. Mas para que isso ocorra, é necessário que todos os atletas da equipe cumpram sua função, executando algumas ações individuais:
           
-Temporização: na marcação 1x1, o principal objetivo do marcador é evitar ser driblado, o que gera um desequilíbrio em todo o sistema defensivo. O atleta deve marcar a uma distância que dificulte o drible e em uma posição que impeça o passe vertical, assim ele atrasa a ação do adversário, obrigando-o a tocar a bola para o lado ou para trás. A temporização também é muito utilizada a fim de evitar o contra-ataque, dando tempo para a equipe se organizar defensivamente.
           
- Balanço defensivo: colocar sempre mais atletas no lado do campo em que a bola está. Exemplo: se a bola está no lado esquerdo da defesa, todos se aproximam mais deste lado do campo, deixando a lateral direita aberta. Em caso de virada de jogo, o balanço deve ser feito rapidamente com o intuito de diminuir os espaços do adversário.
           
- Antecipação: para que a antecipação seja possível, o defensor deve ter leitura de jogo, ou seja, a partir de pistas gestuais oferecidas pelo adversário, perceber o que ele vai fazer e se antecipar ao lance. Com a antecipação, o defensor pode roubar a bola, cortar um passe ou simplesmente impedir o atacante de fazer o que desejava.
           
- Cobertura/troca: quando um atleta é batido, um companheiro da mesma linha ou da linha posterior deve imediatamente fazer a cobertura, realizando o combate sobre o atacante, impedindo-o de ter tempo de pensar o jogo. O atleta batido deve procurar imediatamente ocupar o espaço daquele que fez sua cobertura, mantendo o equilíbrio defensivo da equipe.
           
- Vigilância: o defensor deve ter sempre em vista a bola e os adversários que podem entrar em sua zona de marcação. Quando mais perto do gol, mais de perto deve ser feita essa vigilância.
           
- Marcar a perna boa: priorizar na marcação a perna boa do adversário que está com a bola, dando mais espaço pra ele cortar para a perna ruim. O motivo é óbvio: com a perna ruim, a chance de o adversário acertar um bom passe ou um bom chute é menor.
           
- Posicionar-se entre a bola e o gol: sempre. Quando o adversário está de frente, manter-se de costas para o gol, quando o adversário está na lateral, fechar mais o meio, deixando a lateral mais “livre”.
           
- O atleta que está com a bola SEMPRE deve estar marcado. Além dele, os defensores mais próximos devem fechar as opções de passe imediatas, dificultando assim ao máximo a ação do atleta que está com a bola, restando-lhe as opções de tocar para trás (menor risco) ou efetuar lançamentos (maior chance de erro).

Para que a marcação seja bem executada, é necessário que todos os atletas do time cumpram seus espaços e estejam sempre ligados no jogo e prestando atenção na movimentação da bola, dos adversários e de seus companheiros para tomar suas decisões. A capacidade de pensar o jogo não está inserida apenas nas ações ofensivas, sendo fundamental também nas ações defensivas. Por isso, volto a bater na tecla do primeiro post: é de grande valia ter jogadores que saibam ler e pensar o jogo.

Um comentário:

  1. Parabéns Pedrão!

    Mais uma ferramenta para reflexões e discussões!!!

    Grande abraço.

    Leonardo "Montanha" Gondim

    ResponderExcluir