O blog Conceitos Táticos, como o próprio nome entrega, visa abordar os conceitos táticos no mundo do futebol. Meu objetivo é analisar, provocar, fazer pensar, discutir e tirar dúvidas sobre o assunto. Estou sempre aberto a opiniões, sugestões, críticas, perguntas, discordâncias e etc.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Prévia dos 4 principais duelos das Oitavas da UCL

        A UCL chega em sua fase decisiva com muitos jogos interessantes. Vou aqui fazer uma prévia de como podem ser taticamente os quatro principais duelos das oitavas: Barcelona X Milan, Real Madrid X Manchester United, Borusia Dortmund X Shaktar Donetsk e Valência X PSG.

        O Barcelona é favorito ante o Milan, mas vale lembrar que na última temporada eles se enfrentaram quatro vezes e, apesar de duas vitórias da equipe catalã e dois empates, foram embates duríssimos. Além disso, o Milan conta com um time melhor que o da última temporada, principalmente com o mais recente reforço: Balotelli.

Milan X Barcelona: promessa de duelos difíceis.
        O Milan deve apostar em um 4-3-3 compacto e forte defensivamente e transições rápidas procurando a velocidade do jovem e renovado trio de ataque nas costas da defesa da equipe catalã, que joga bastante adiantada. No banco, Bojan é opção para renovar o gás ofensivo, e Robinho para cadenciar o jogo.
        O Barcelona não altera sua proposta de jogo: posse de bola, extensa troca de passes e chegada ao gol adversário pelo chão. Muitas ultrapassagens nas duas laterais, na direita Pedro (ou Villa) mais incisivo, na esquerda Fábregas e Iniesta trocando de posição e Messi mais perto do gol, em fase cada vez mais artilheira.        
O desenho tático é o mesmo, mas a filosofia e a proposta de jogo bastante diferentes: Milan mais compacto defensivamente e apostando na transição ofensiva veloz com o jovem trio de ataque. Barcelona apostando na posse de bola, transição pelo chão e fase artilheira de Messi.

        Outro duelo de gigantes opõe Real Madrid e Manchester United, em fases opostas. Enquanto o United, do eterno Sir Alex Ferguson, lidera com folga o campeonato Inglês e conta com o elenco mais forte dos últimos anos, além da boa fase de Rooney e Van Persie, o Real Madrid enfrenta uma grande crise entre o técnico Jose Mourinho e seus atletas, longe do título do campeonato espanhol, má fase de alguns jogadores (como Di Maria e Marcelo) e a lesão de seu líder: o goleiro Casillas.
        
O Real Madrid deverá superar o clima ruim se quiser superar o United, que conta com Rooney e Van Persie em boa fase.

        Como de praxe em jogos importantes, Fergunson deve apostar em uma proposta um pouco mais cautelosa que em jogos pela liga inglesa, mas sem mudar peças ou o desenho tático. Deve atuar em um 4-4-1-1 que muitas vezes pode se formar em um 4-5-1 com Rooney recuando para combater no meio. As jogadas ofensivas acontecem principalmente pelas laterais, com combinações entre o “winger” (meia pelo lado) e o lateral. Rooney atua com liberdade pelo campo, armando e chegando para finalizar, e Van Persie é a referência com excelente faro de gol. Não se pode descartar também a escalação dos experientes Paul Scholes e Ryan Giggs como titulares.                  
             Já o Real deve ficar mais com a bola e pressionar o United. A proposta de jogo é bastante vertical, chegando ao gol com poucas trocas de passe. O desenho é o 4-2-3-1, com a dupla de volantes mais Ozil (o meia central) com boa qualidade no passe e boa chegada na frente. Os meias pelo lado atuam com pé invertido, o que possibilita infiltrações na diagonal. Ronaldo é mais atacante, enquanto Di Maria ajuda a recompor o meio de campo. Não será surpresa a escalação de Essien no lugar de Khedira (ou até mesmo de Di Maria) para vigiar Rooney.
        Ambos os times contam com boas opções no banco para reverter uma situação desfavorável: enquanto o United tem Kagawa, Nani e os dois atletas experientes citados acima, Real tem Marcelo, Modric e Higuain. Promessa de bons jogos, com ligeiro favoritismo para o United levando-se em conta a fase que atravessam os dois times.

Real no 4-2-3-1 bastante vertical deve pressionar o United, que não liga de jogar sem bola e deve apostar em transições ofensivas pelas laterais. Rooney com liberdade para ajudar na armação, marcação e ainda chegar na área para finalizar. 

        Borusia Dortmund e Shaktar Donestk protagonizam o que para mim será o duelo mais interessante e aberto das oitavas de final. Duas equipes com o mesmo desenho tático (4-2-3-1) e proposta de jogo parecida, com transição ofensiva rápida e incursões diagonais dos meias pelos lados.

Borusia: maior tradição e boa fase podem pesar contra o Shaktar, que, sem Willian, deposita suas esperanças nos gols de Mkhitaryan.
        Ambas as equipes contam com uma dupla de volantes com um mais marcador (Kehl e Hubschman) e outro com mais liberdade para encostar nos meias (Gundogan e Fernandinho). O trio de meias promove intensa movimentação e troca de posição em torno do centroavante, com a diferença de que enquanto no Borusia o meia central (Gotze) é mais armador e os meias pelos lados (Blas e Reus) atuam mais como atacantes, sendo mais artilheiros, no Shaktar os meias pelos lados são mais armadores e o principal artilheiro do time é o meia central (Mkhitaryan), que encosta bastante no ataque, praticamente como segundo atacante.
        A tradição e a boa fase do Borusia aliada à saída de Willian, que foi o principal jogador do Shaktar na primeira fase do torneio dão à equipe alemã um ligeiro favoritismo no duelo.
        
Desenho tático e proposta de jogo semelhantes. No Borusia, os meias pelos lados são mais atacantes, já, no Shaktar Mkhitaryan, o meia central, encosta mais no ataque.

        O Paris Saint Germain é apontado como favorito diante do Valência, mais pelo elenco estrelar (Ibrahimovic, Lucas, Lavezzi, Pastore, Thiago Silva, o técnico Carlos Ancelotti e agora David Beckham) que pela proposta de jogo em si. 
Apesar de não ter jogadores de renome, o Valência conta com um bom time e filosofia de jogo bem assimiliada. Ancelotti aposta na compactação defensiva e na qualidade de seus atletas para definir partidas.
           Para encaixar Lucas como titular no time, Ancelotti apostou no desenho tático 4-4-2, com Lavezzi e Pastore adaptados como meias pelos lados nas ações defensivas. A dupla de volantes deve contar com Thiago Motta e Matuidi, mais marcadores, deixando Veratti (que tem melhor passe) no banco. A aposta é na compactação defensiva e ligação direta, procurando a altura e força de Ibra e a velocidade de Lucas pelos lados. Na transição ofensiva, Lavezzi encosta nos atacantes, enquanto Pastore centraliza para armar. Beckham, recém-chegado ao time, deve ficar como opção no banco.
         O Valência, apesar de poucos nomes de expressão, tem um time bem montado e bem articulado. Atua no 4-2-3-1 e deve ficar mais com a bola que a equipe adversária. Os meias pelos lados (Feghouli e Guardado) centralizam para articular o time, enquanto Jonas, o meia central, encosta bastante em Soldado, praticamente como segundo atacante.
        Pelo time em si, pela proposta de jogo bem assimilada pelo elenco e pelo entrosamento, aponto Valência como favorito, mas é inegável que o PSG conta com jogadores capazes de definir o jogo em um ou dois lances.

Valência deve ficar mais com a bola. Os meias pelo lado centralizam para armar, enquanto Jonas encosta em Soldado praticamente como segundo atacante. No PSG, muita marcação e aposta na força de Ibrahimovic e na velocidade de Lucas na ligação direta.