O blog Conceitos Táticos, como o próprio nome entrega, visa abordar os conceitos táticos no mundo do futebol. Meu objetivo é analisar, provocar, fazer pensar, discutir e tirar dúvidas sobre o assunto. Estou sempre aberto a opiniões, sugestões, críticas, perguntas, discordâncias e etc.

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Projeção 2013: Os 4 Grandes de São Paulo

          Assim como toda virada de ano, uma nova temporada traz algumas alterações nas equipes. Dispensas, atletas vendidos, contratações, variações táticas decorrentes disso e de novas concepções do técnico. As quatro grandes equipes de São Paulo mantiveram seus treinadores, então taticamente é provável que haja poucas mudanças. O exercício aqui é de imaginação, conhecendo a filosofia e a maneira de trabalhar de cada treinador e os atletas que ele tem/terá a disposição.

Os quatro grandes de São Paulo mantiveram seus respectivos treinadores: continuidade dos trabalhos.

O Corinthians já tem uma filosofia de jogo e inteligência tática bem assimilada pelo grupo. Isso deve ser mantido, mudando-se apenas as peças. Renato Augusto deve assumir o lugar de Douglas e atuar na linha de três meio-campistas da equipe, que atua em um 4-2-3-1 com muitas variações. O desenho padrão deve ser com Renato Augusto pela direita, Emerson Sheik centralizado e Danilo pela esquerda, podendo, como já é de praxe, haver grande troca de posições entre eles.
Pato chega para brigar por um lugar na referência com Guerreiro, sendo que cada um tem uma característica: Guerreiro é o pivô do time, segurando a bola e fazendo a parede para a chegada dos outros jogadores. Pato é um jogador de mais mobilidade, que pode cair pelos lados e trocar posições, abrindo espaços. Como aspecto semelhante o fato de que ambos são finalizadores completos (as duas pernas e cabeceio, além do senso de posicionamento). Em algumas situações de revezamento do time, Pato pode também atuar na linha de três meio-campistas, com características semelhantes à de Sheik.
Além de Pato e Renato Augusto, outro que chega para assumir uma posição de titular é o zagueiro Gil, que deve entrar no lugar de Paulo André. Em termos de assimilar a filosofia da equipe, os reforços não devem ter grandes problemas. O grande desafio de Tite será manter a motivação do elenco, levando em conta principalmente a grande concorrência do setor ofensivo (que tem ainda Jorge Henrique e Romarinho como opções).

Corinthians: 4-2-3-1 com muitas variações, opções e trocas de posições entre os atletas. Filosofia bem assimilada e boas contratações.
            No Palmeiras, muitas dispensas, poucas contratações e um indício de um meio de campo mais leve e versátil. Com o retorno de Souza e a saída de Assunção, Gilson Kleina deve retomar o 4-3-1-2 dinâmico do início do trabalho da equipe, tendo João Denoni mais plantado distribuindo passes, Wesley pela direita e Souza pela esquerda, tendo um grande revezamento de posições entre eles. Na articulação central Valdivia e na frente Luan (ou Maikon Leite) e Barcos. O meio de campo traz uma dinâmica bastante interessante, porém ainda falta um companheiro melhor qualificado para Barcos.
            Com os atletas que tem a disposição, Kleina pode também variar o desenho para o 4-2-3-1 apenas com a mudança de comportamento dos jogadores, sem alterar peças (como já fez durante o campeonato Brasileiro). Nesse caso, Wesley atua aberto pela direita, Luan aberto pela esquerda e Souza recua para formar dupla de volantes com Denoni.

Palmeiras: meio de campo leve e dinâmico, porém ainda falta um bom parceiro para Barcos na frente e suprir carências do elenco.
             No Santos, Muricy vem esboçando a equipe no 4-3-3 mesmo ainda sem ter escalado Montillo entre os titulares e sem contar com Marcos Assunção. Assunção deve ser o cabeça de área, contando com Arouca pela direita e Cícero pela esquerda. Na frente, Neymar aberto pela esquerda, Montillo entra no lugar de Miralles atuando aberto pela direita e André deve seguir como referência. Nesse desenho, Muricy deve apostar na compactação defensiva e na transição em velocidade pelos lados.
Uma variação que pode ocorrer é a aposta no 4-2-3-1 “torto”, presente nos melhores momentos da equipe santista nos últimos anos. Nesse caso, Cícero daria lugar a René Júnior, que formaria a dupla de volantes com Assunção. Montillo ficaria como articulador central, Arouca seria o meia pela direita (mais conservador) e Neymar seria o meia pela esquerda, mais agudo. Na referência, André.
            Na linha defensiva, Rafael continua no gol, Gallardo (ou Nei) deve assumir o lugar de Bruno Peres (que está de saída), Neto inicialmente assume o lugar do lesionado Edu Dracena e chega para lutar por um lugar entre os titulares, e Guilherme Santos deve ganhar oportunidades nas muitas partidas que Leo irá desfalcar a equipe. Taticamente, pouco muda.

O Santos de Muricy: compactação defensiva e transição ofensiva em velocidade pelos lados. 
A única peça importante que o São Paulo desfez foi Lucas, que será substituído por Ganso. No esboço feito por Ney Franco nos primeiros treinos do ano, o desenho tático foi mantido: 4-2-3-1, agora com Jadson pela direita e Ganso centralizado armando. Como a resposta não deve ter sido positiva, Ney Franco alterou o desenho nos treinos seguintes: 4-4-2 com o meio de campo em losango. Wellington na base, Denílson pela direita, Jadson pela esquerda e Ganso no vértice ofensivo.
A maneira de jogar, portanto, muito provavelmente será alterada. De uma equipe vertical, apostando na velocidade dos atletas pelos flancos deve se tornar uma equipe um pouco mais pragmática, valorizando um pouco mais a posse de bola, com uma natural aproximação de Denílson, Jadson e Ganso na faixa central do campo. Oswaldo segue sendo uma opção de velocidade pelos lados, tornando-se uma válvula de escape. Além de tabelar pelo meio, muito possivelmente os meias pelos lados irão formar parcerias com os laterais nos corredores, contando também com a aproximação de Ganso e Oswaldo.
Caso queira manter a maneira de jogar da equipe, Jadson ou Ganso pode sair e dar espaço para um velocista pelo lado (Douglas, Ademilson, Wallyson ou Vargas), mantendo assim o 4-2-3-1 do ano passado e o estilo mais vertical. É bem provável inclusive que Ney Franco alterne entre as duas maneiras, de acordo com situação de jogo, adversário, calendário e desfalques.
Na linha defensiva, Paulo Miranda deve manter a titularidade na lateral direita, mesmo desfalcando a equipe no primeiro jogo da pré-Libertadores por suspensão. Lucio assume naturalmente um posto na defesa. Apesar da melhor qualidade técnica, Tolói deve ser inicialmente sacado em detrimento de Rhodolfo devido ao fato de que Tolói, assim como Lucio, atua pelo lado direito da defesa. No decorrer do ano, com mais tempo para treinos, possivelmente Tolói volte ao time titular, no lugar de Rhodolfo. No gol e na esquerda, Rogério Ceni e Cortês seguem soberanos.

O dilema de Franco: muda o desenho e as características do time, tornando-o mais  cadenciado, ou mantém o estilo vertical com velocidade pelos lados? Deve variar.