A copa d Mundo recém- finalizada
teve uma média de 2,67 gols por partida, contra uma média de 2,15 do campeonato
brasileiro até o momento. Dentre os fatores, além de goleadas inesperadas e
maior qualidade dos atletas na Copa do Mundo, entra também entra também o plano
coletivo: no futebol brasileiro, ainda depende-se muito da qualidade individual
de seus atletas e jogadas de bola parada, sendo que em muitos momentos as
equipes atacam com poucos jogadores, gerando situações de inferioridade
numérica ofensiva.
|
O placar marca 4x0 e a Alemanha segue atacando em bloco: no caso, 5 contra 3, sendo 3 deles se projetando na última linha defensiva em direção ao gol. |
Líder e dono do melhor ataque, o
Cruzeiro foge à regra: roubada de bola e transição em velocidade com
participação de todos os atletas da linha ofensiva e apoio de volantes e
laterais. Frequentemente chega à área adversária com quatro ou cinco atletas,
todos se projetando em direção ao gol. Com isso sendo feito de forma bem
treinada e coordenada, todos esses quatro ou cinco atletas podem ter a chance
de finalizar em boa condição (de frente para o gol e equilibrado). Não à toa, o
artilheiro do time é Ricardo Goulart, meia, e não o centroavante Marcelo
Moreno.
|
Repare na linguagem corporal dos atletas do Cruzeiro: todos se projetando em direção ao gol, aumentando o leque de possibilidades de Everton Ribeiro, que tem a bola. |
|
Bola é alçada na área e temos quatro jogadores do Cruzeiro indo na sua direção. Novamente, atenção na linguagem corporal: todos querem fazer o gol. |
Com apenas 10 gols marcados em 13
partidas e enfrentando dificuldades para vencer até as partidas que domina, o Palmeiras
tem dificuldades principalmente nesse aspecto: além de ser uma equipe
tecnicamente fraca, em muitos momentos ataca com poucos jogadores, sem apoios,
e isso limita as chances de finalizar em boa situação. Ás vezes o cruzamento
atravessa a área, e se o único atacante
na área não alcança a bola, não tem mais ninguém para pegar uma possível sobra.
Além disso, em situação de inferioridade numérica, mesmo quando o atacante
consegue finalizar, ele não o faz em plenas condições (finaliza desequilibrado
ou sem ângulo).
|
Dois atacantes contra quatro defensores, sendo que nenhum dos dois atletas presentes na foto se projeta para ajudá-los: vai ter ter que ser na qualidade individual. |
|
Novamente em inferioridade numérica: dois atacantes contra cinco defensores, e ninguém mais sequer aparece na foto. |
Dono de um dos melhores ataques
da competição, porém com grandes dificuldades para definir as partidas, o São
Paulo tem alto índice de posse de bola e acerto de passes, e o consenso geral é
que falta objetividade ao time. Para que isso seja possível, deve haver
progressão: a bola deve ir em direção ao gol, e os atletas idem, em bloco.
Assim como o Palmeiras, em muitos momentos o São Paulo ataca com dois ou três
jogadores e o resto do time “desinteressado” no jogo.
|
Situação dois contra três, prestes a se tornar dois contra cinco: três outros jogadores do São Paulo aparecem na fotos, porém todos "desinteressados" no jogo. |
|
Situação corriqueira no São Paulo: passe lateral, apenas um jogador se projetando e os demais de costas para o gol. Posse de bola inócua. |
Se uma transição ofensiva é feita
de forma rápida, coordenada e em bloco (com vários jogadores se projetando em
direção ao gol), aumenta o número de possibilidades ofensivas da equipe,
aumentando a chance do time fazer gol e também ampliando o número de
preocupações para a equipe adversária, dificultando assim também a organização
do setor defensivo.
Vimos Felipão durante a Copa do
Mundo falando em “cobrar maior movimentação” e Muricy agora falando em “cobrar
maior número de finalizações”. A cobrança é de suma importância, mas é
fundamental principalmente que os técnicos saibam aplicar nos treinos situações
direcionando para que os atletas realizem seus objetivos, o que nem sempre
ocorre.
Nenhum comentário:
Postar um comentário