“Nunca
pare de aprender. A vida nunca para de ensinar”. Os estudos, a tecnologia, a comunicação e as
novas idéias fazem com que sempre haja novidades em qualquer ramo. No futebol,
não é diferente. Metodologias de treino, conceitos e estratégias de jogo, ocupação
do campo e preparação física vão se renovando com o tempo. Os técnicos
brasileiros têm sido ultimamente criticados pelo pouco estudo, por manter
idéias hoje consideradas arcaicas, e com Felipão não era diferente (inclusive
em seu último trabalho realizado, no Palmeiras).
A atuação brasileira na final da Copa das Confederações foi excepcional, não tanto pelo resultado, mas principalmente pela postura da equipe em campo.
A atuação brasileira na final da Copa das Confederações foi excepcional, não tanto pelo resultado, mas principalmente pela postura da equipe em campo.
Aproveitando
o apoio da torcida, marcação por pressão e intensidade nos primeiros 20
minutos. Atacantes participando da marcação, volantes ocupando o campo de
ataque, defesa alta deixando a equipe compacta. Assim como no Corinthians,
Paulinho por muitas vezes se alinhava ao trio de meias, formando praticamente
um paredão, dificultando a seleção espanhola de entrar na intermediária
ofensiva, sua zona de conforto.
Após
os primeiros 20 minutos, uma pequena diminuição na intensidade, com Paulinho
mais próximo de Luiz Gustavo, mas sempre com até nove jogadores ocupando a
intermediária, negando espaços e tirando a opção imediata de passe dos meias
espanhóis, fazendo com que eles forçassem o jogo e errassem mais que o normal
(juntos, Iniesta e Xavi acertaram 90% dos passes, um número ainda considerável,
porém a pior média de acertos deles em toda a competição).
Ofensivamente,
muita velocidade. Bolas diagonais longas, procurando principalmente Neymar pra
cima de um perdido Arbeloa, tabelas rápidas e muitas ultrapassagens. Fred, o
“centroavante de referência”, não se limitou a ficar parado dentro da área,
tendo participação na marcação e na mobilidade ofensiva (como, por exemplo, no
terceiro gol, quando partiu em diagonal pela esquerda).
Ao
fim do jogo, com o resultado consolidado e a seleção espanhola com um a menos e
entregue, duas linhas de quatro bem definidas e as entradas de Jadson e
Hernanes, qualificando a troca de passes curtos, valorizando a posse de bola e
evitando dessa maneira correr maiores riscos defensivos. Ao final, 48% de posse
de bola, quase empatando com a seleção espanhola.
Jogo
vertical e entrega na marcação eram armas conhecidas de Felipão. A novidade
fica por conta de uma maior compactação, marcação pressão alta, intensidade e
até mesmo a valorização da posse de bola para segurar o resultado. E Paulinho
mostra que volante faz gol sim e não é bonito só para a imprensa.
Podemos
dizer sim, que melhorou, que evoluiu, que surpreendeu e que teve uma atuação
espetacular, mas ainda há trabalho a ser feito. A evolução deve continuar e
Felipão sabe disso. Em nenhum momento da Copa das Confederações o Brasil se viu
com o placar adverso: como lidaria com isso, psicológica e taticamente? Hulk, apesar da aplicação tática e do preparo
físico, destoa tecnicamente do resto do time. Para mim, o jogador ideal para
realizar essa função (dublê de atacante, meia e volante) dentro da proposta do
Felipão é o Ramires. David Luiz teve
atuação soberana na final, porém, assim como Marcelo, é capaz de ações
impensadas que podem colocar em risco a seleção (como os pênaltis cometidos por
ambos na semi e na final). Por vezes, principalmente no fim dos jogos, a defesa
recua em excesso, descompactando um pouco o time. Quando os laterais são bem
marcados, a equipe sente dificuldades na saída de bola, sendo necessária uma
maior participação dos volantes e meias nesse processo.
Talvez
também contando com a contribuição dos jogadores, que atuam em sua maioria em
cubes com técnicos atualizados, talvez com a ajuda de Carlos Alberto Parreira,
um estudioso do futebol, Luiz Felipe Scolari mostra que é possível sim se
reinventar e aderir a conceitos modernos, sem deixar de lado convicções
antigas. Vamos acompanhar seu trabalho até a Copa do Mundo e torcer para que a
seleção continue se atualizando e evoluindo.
Pressão na saída de bola espanhola, com participação de Paulinho, o volante que faz gols. |
Bloqueio no meio de campo, dificultando a Espanha de entrar na intermediaria ofensiva, sua zona de conforto. |
No fim do jogo, linha de quatro bem definida no meio, porem linha defensiva recuada em excesso, descompactando a equipe. |
Fred participando da mobilidade ofensiva: referencia móvel, dificultando a marcação da equipe adversaria. |
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