O Palmeiras vem cumprindo sua
obrigação e garantindo seu acesso para o ano do centenário sem grandes
sobressaltos, liderando praticamente o campeonato inteiro. Para atingir seus
objetivos, Gilson Kleina tem variado o desenho tático da equipe de acordo com
desfalques e situações de jogo.
Ele tem se apoiado em basicamente
três desenhos táticos, que, no comportamento defensivo, reduzem-se a dois. Ora
ele utiliza três volantes, tendo um meia armador e dois atacantes, ora ele
utiliza dois volantes, tendo dois meias armadores e dois atacantes ou um meia
armador e três atacantes. Importante ressaltar que o comportamento do time não
altera devido ao número de volantes escalados, ou seja, não fica mais defensivo
ou mais ofensivo, como muita gente gosta de pensar.
O Palmeiras vem garantindo tranquilamente o acesso para a série A no ano do centenário. |
Quando utiliza três volantes,
Marcio Araujo fica mais preso na frente dos zagueiros, enquanto Wesley e
Charles têm mais liberdade para chegar á frente, com arrancadas, infiltrações
por dentro, passes e finalizações. Valdívia fica solto para armar o time,
Leandro e Alan Kardec jogam por dentro, enquanto os laterais Luis Felipe e
Juninho são os responsáveis por dar amplitude e profundidade* ao time. Em alguns momentos, Wesley (principalmente
pela esquerda), Valdívia e Leandro (pelos dois lados), também se aproximam da
linha lateral, dando amplitude ao time e fazendo parceria com Juninho e Luis
Felipe. Charles joga mas centralizado. Alan Kardec é a referência, mas não se
limita a ficar parado dentro da área. Ele recua por dentro, procurando fazer a
parede e muitas vezes achar passes em profundidade para os companheiros.
Comportamento ofensivo com 3 volantes: Valdívia solto, Wesley e Charles fazendo infiltrações por dentro e Luis Felipe e Juninho responsáveis pela amplitude e profundidade da equipe. |
Defensivamente, os três volantes
marcam por dentro, enquanto Leandro e Alan Kardec procuram bloquear a saída de
bola pelas laterais. Valdívia fica mais solto na frente. Pressiona o primeiro
passe do volante adversário, mas assim que é batido não se preocupa com o
retorno, descansando para efetuar as ações ofensivas.
Sem a bola, os volantes marcam por dentro, Leandro e Kardec bloqueiam a saída pelas laterais e Valdívia dá combate no primeiro passe, descansando depois que é batido. |
Quando entra com dois volantes,
Gilson Kleina coloca Mandieta para armar ao lado de Valdívia ou um terceiro
atacante (normalmente Vinícius). Quando
joga Mandieta, ele atua aberto pela direita, mas centralizando para aproveitar
os espaços deixados pela marcação, mais preocupada com Valdívia, e armar o
time. Leandro parte da esquerda para a
área, fazendo dupla com Kardec, Wesley sobe mais esporadicamente que quando tem
Charles ao seu lado, e os laterais seguem sendo a principal fonte de amplitude
e profundidade do time.
Quando usa três atacantes,
Valdívia novamente se isola na armação. Pela direita, Leandro procura a diagonal,
fazendo dupla com Kardec e abrindo o corredor lateral para Luis Felipe. Pela
esquerda, Vinicius procura o fundo, sendo a principal opção de
profundidade. O time descentraliza um
pouco suas ações ofensivas, procurando parcerias pelos lados
(Leandro-Valdívia-Luis Felipe ou Vinícius-Wesley-Juninho) ou armando o jogo por
dentro (Valdívia-Wesley-Kardec).
Defensivamente, Leandro e
Vinícius (ou Mandieta) recompõem pelos lados, e Valdívia e, principalmente,
Kardec combatem a saída de bola pelo meio. Por vezes, Kardec recompõe por um
dos lados, cobrindo um dos atacantes, dando tempo para que ele recupere o
fôlego após alguma ação ofensiva.
Quando está vencendo e sendo
pressionado, normalmente Gilson Kleina coloca Eguren em campo, formando duas
linhas de quatro bem próximas, com o intuito de segurar o resultado e garantir
a vitória.
A equipe do Palmeiras é agressiva
e vertical, porém por vezes peca em não saber segurar a bola e fazê-la girar.
Quando consegue virar o jogo, a jogada termina do outro lado. Raramente a bola
sai de um lado para outro e depois volta no mesmo lance. Isso seria fundamental
principalmente contra defesas mais fechadas (o que acontece em praticamente
todas as partidas da série B). Essa falta de paciência com a bola tem reflexo
também no sistema defensivo: ao perder em demasia a bola, a equipe expõe a
última linha defensiva, que apresenta falhas de posicionamento e cobertura que
uma equipe de primeiro nível não pode cometer, e isso passa mais por treino e ações
do treinador que por falhas individuais propriamente ditas. O Palmeiras tem boa
produção ofensiva, porém sofre mais gols e mais derrotas que o aceitável para o
nível do campeonato disputado.
O elenco atual está dando para o
gasto para a disputa da série B, porém, se quiser sonhar com algo no ano do
centenário é de fundamental importância que consiga reforços pontuais, que
cheguem para ser titular. A manutenção do elenco (inclusive Kardec), com dois
ou três atletas que cheguem para vestir a camisa e sair jogando, a meu ver,
bastam para formar uma equipe competitiva, além da troca do comando técnico.
Eu, pessoalmente, iria atrás de Mano Menezes, Zé Roberto (encostado no Grêmio),
Marcelo Nicácio (excelente atacante do Atlético-PR), Elias (do Flamengo) e procuraria
alguém capaz de assumir a lateral esquerda.
*Amplitude: distância entre uma
lateral ou outra- jogar em amplitude = “abrir o jogo”.
Profundidade: Distância entre uma
linha de fundo e outra- jogar em profundidade = buscar a linha de fundo.
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