Os dois
primeiros nomes da escalação da seleção campeã do mundo de 1958 (De Sordi foi
titular durante toda a campanha, ficando de fora somente da final, por lesão,
quando deu lugar a Djalma Santos) faleceram nesse último fim de semana.
Gylmar e De Sordi: integrantes da campanha do título mundial de 58 |
Quando
pequeno, eu gostava de decorar as escalações dos times históricos do Palmeiras
e da seleção brasileira. Sabia de cor o time da final de 58 e sempre via
matérias ou lia reportagens a respeito do título. Sabia que Pelé e Garrincha
viraram titular ao longo da copa, que Zagallo praticamente “inventou” o 4-3-3,que Didi criou o “folha seca” e que
os laterais pouco avançavam na época. Porém não sabia exatamente como jogava o
time, coisa que hoje é possível graças ao Youtube. Vi a final entre Brasil e
Suécia na integra.
A primeira
linha defensiva era formada por Bellini e Orlando no comando da defesa e De Sordi
(Djalma Santos na final) e Nilton Santos nas laterais. Quando muito, os
laterais subiam até a intermediária ofensiva, de onde tocavam para o ponta ou
um dos meias. Na época ainda não faziam ultrapassagens ou entravam na área.
Zagallo cobrando lateral próximo a linha de fundo: quando muito, os laterais subiam até a intermediária ofensiva. |
A dupla de
meias era Zito e Didi, ambos extremamente técnicos (principalmente o segundo,
que tinha grande controle de bola). Marcavam um pouco atrás do círculo central
e, com a bola, ocupavam simultaneamente a intermediária ofensiva (o que era
possível graças os posicionamento conservador dos laterais), onde procuravam
rodar a bola, enfiar para as ultrapassagens de Garrincha ou fazer tabelas com
os atacantes.
Os pontas
Garrincha e Zagallo tinham posturas e funções diferentes dentro de campo.
Zagallo recuava e compunha o meio junto de Zito e Didi, ajudando na marcação e
sendo o principal responsável pela saída de bola (não tive acesso aos dados
estatísticos do jogo, mas acredito que Zagallo tenha sido o que mais tocou na
bola). Grande parte das jogadas saía da esquerda, passava pelo meio e chegada
aos pés de Garrincha na ponta oposta, onde ele ia para cima da marcação,
procurando as jogadas agudas. Os dois primeiros gols da final, inclusive,
saíram de cruzamentos seus para Vavá.
Zagallo (número 7) compondo o meio de campo ao lado de Didi: ajuda na marcação e principal responsável pela saída de bola da equipe. |
Muito se diz
que Pelé era o ponta de lança, enquanto Vavá era o centroavante da equipe,
porém eles formavam uma dupla de ataque. Tinham poucas obrigações defensivas e,
quando time tinha a bola, se revezavam entre buscar o jogo fora da área e
entrar para finalizar. Fizeram dois gols cada na final, todos como autêntico
centroavante.
Pelé e Vavá lado ao lado: sem muitas obrigações defensivas e revezando-se entre buscar a bola e finalizar a jogada. |
É possível
encontrar nesse jogo muitos aspectos conceituais semelhantes aos que vemos no
futebol atual: volantes com bom controle de bola e bom passe, meias pelos lados
com funções diferentes (um mais armador e outro mais incisivo), mobilidade
(vista no revezamento e funções entre Pelé e Vavá)...
Os homens se
vão, vencidos pela idade e pelas doenças, mas os heróis da primeira Copa
conquistada pelo Brasil ficam para sempre guardados em memórias, histórias,
matérias e vídeos.
Panorama geral da seleção de 58, com laterais sem buscar o fundo, Zagallo compondo o meio de campo, Garrincha mais incisivo e Pelé e Vavá alternando funçòes. |
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