Felipão reassumiu a seleção. 11 anos depois da
conquista do penta, novamente no meio do caminho e novamente com a “missão de
resgatar o futebol brasileiro”. Já defendi aqui que o trabalho de Mano seguia
um bom caminho, porém, quando realmente começava a engrenar foi interrompido
por motivos puramente políticos. E agora, quais serão as mudanças no trabalho
realizado por Felipão? O que está sendo feito aqui é um exercício puramente de
imaginação levando-se em conta principalmente a seleção que conquistou o penta
11 anos atrás.
Novo técnico da Seleção: como será seu trabalho? |
Com o intuito de dar maior
liberdade para os laterais, excelentes no apoio, Felipão escalou um
volante/zagueiro (Edmilson) cujo comportamento dependia do comportamento
adversário: se jogavam com um atacante, Edmilson ficava ao lado de Gilberto
Silva; se jogavam com dois atacantes, Edmilson compunha a linha defensiva,
deixando Lúcio sempre na sobra. Além de Edmilson, Gilberto Silva atuava como
primeiro volante, bem recuado, muito raramente se projetando ao ataque com a
clara função de proteger a defesa.
Fazendo
a ligação entre defesa e ataque, além dos laterais, tínhamos Kleberson, na
época em excelente forma física. Ele atuava ora próximo de Gilberto Silva ora
na linha dos meias.
Kleberson fazendo a ligação entre defesa e ataque: excelente preparo físico. |
Na frente tínhamos Ronaldinho e
Rivaldo se alternando na armação e Ronaldo na referência, sempre contando com
os apoios de Kleberson e dos laterais. As jogadas normalmente eram verticais,
com muitos passes em profundidade e ultrapassagens. Respeitando as
características do centroavante (Ronaldo), não havia chuveirinhos, como costuma
ocorrer em equipes comandadas pelo Felipão.
Um resumo das ações ofensivas: Ronaldinho e Rivaldo se alternando na armação, Ronaldo na referência e apoio constante dos laterais (no caso, Cafu). |
Atualmente nossos laterais
novamente estão entre os melhores do mundo, e novamente tendo como grande
triunfo a qualidade no apoio: Daniel Alves e Marcelo. Com isso, é capaz que
Felipão repita a estratégia de escalar volantes que façam a cobertura e dêem
liberdade aos laterais. David Luiz é um zagueiro de grande qualidade técnica e
costume de subir ao ataque com a bola dominada, além de ter sido recentemente
testado (e ido bem) no Chelsea na posição de volante. Pode realizar a função de
Edmilson na copa de 2002. Na cabeça de área, Felipão deve escalar um “cão de
guarda”, um volante puramente marcador que raramente ultrapassa a linha do
meio. Dentre as opções temos: Felipe Melo, Sandro, Ralf, Lucas Leiva...
Na
função de realizar a transição defesa ataque temos hoje dois jogadores com
características semelhantes a de Kleberson: Paulinho e Ramires devem brigar por
uma vaga. Lembrando que Juninho Paulista, uma meia mais ofensivo, iniciou a
copa nessa função, Oscar pode estar correndo por fora.
Felipão
já manifestou que deve contar com a experiência de alguns jogadores, logo,
Ronaldinho é fortíssimo candidato a retomar o posto como articulador principal
(ocupado por Rivaldo em 2002), tendo Neymar ao seu lado, revezando-se entre
armação e ataque. Na frente não temos mais Ronaldo Fenômeno, mas Felipão não
abre mão de uma referência, um centroavante finalizador. Deve entrar Fred,
artilheiro do campeonato brasileiro (Luis Fabiano e Leandro Damião correm por
fora).
No
gol não temos hoje nenhuma unanimidade. Se optar pela experiência, pode contar
com Julio César, em franca decadência. Pela fase atual os candidatos mais
fortes são Diego Cavallieri (melhor goleiro do campeonato brasileiro) e Cássio
(campeão da Libertadores e do Mundial de Clubes com defesas decisivas, porém
ainda pouco experiente).
Disposição tática da seleção de 2002. |
Possíveis escolhas de Felipão para 2014, se mantiver desenho e conceitos aplicados 11 anos atrás. |
Felipão conta com boa qualidade
individual, tanto no sistema defensivo quanto no ofensivo. Jogadores criativos
que podem dar uma boa resposta. Porém, um problema recorrente em seus trabalhos
merece atenção: a falta de compactação do time, principalmente nas ações
ofensivas. A defesa fica muito recuada e os laterais não fecham pelo meio. Se
David Luiz estiver compondo a última linha, o outro volante ficará praticamente
sozinho cuidando de toda a intermediária defensiva. Enfrentar equipes que
gostam de circular a bola no campo ofensivo pode gerar grandes problemas no
sistema defensivo, parecido com o que o Santos sofreu contra o Barcelona no
Mundial de 2011. Espanha e Alemanha são potenciais rivais de alto risco para o
Brasil.
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