Praticamente todas as equipes do
mundo hoje jogam com um centroavante, aquele homem de referência que fica
posicionado perto do gol e tem como função principal (quando não única)
empurrar a bola para as redes. O seu posicionamento mais fixo e a pouca
mobilidade pelo campo, porém, muitas vezes faz do centroavante uma referência
para os zagueiros, tornando-o fácil de ser marcado, e as jogadas previsíveis.
Uma
idéia interessante, porém pouquíssimo utilizada seria escalar um time sem o tal
do 9. Os atletas poderiam, mais de um da equipe, projetar-se para o meio da
área dependendo da dinâmica do jogo. Isso torna o time mais imprevisível e
difícil de ser marcado. Porém, para que isso seja possível, é necessário
entrosamento, entendimento da proposta e leitura de jogo por parte dos atletas.
E é aí que entro na mesma tecla que sempre bato: é fundamental, para que tal
estratégia seja eficaz, que os atletas consigam pensar o jogo e perceber as
situações, a fim de ocupar os espaços vazios e se projetar no lugar certo no
momento ideal.
Para
exemplificar o dito acima, algumas imagens de jogos de duas equipes que são
talvez as mais dinâmicas do futebol hoje: o Barcelona e o Manchester City.
No
caso do Barcelona, Messi atua como “falso 9”: teoricamente o centroavante do
time, porém ele costuma abrir pelos lados ou recuar para participar do jogo na
intermediária abrindo espaço para infiltrações (ás vezes dele mesmo) pela
diagonal ou pelo meio.
Reparem como não há ninguém na "referência" (círculo amarelo), e a infiltração é feita pela diagonal, aproveitando o espaço nas costas da defesa adversária (em azul). |
Nesse caso, Messi se projeta para o meio da área como um autêntico centroavante, atraindo a marcação e abrindo espaço nas suas costas para a chegada do meia (espaço em amarelo). |
Em muitos momentos da partida, Messi (círculo amarelo) recua, abrindo espaço para a infiltração dos meias (no caso, Fábregas- círculo azul) |
No caso do Manchester City, muitas vezes Roberto Mancini utiliza-se de dois atacantes, porém sem a divisão tradicional entre segundo atacante e centroavante. Ambos executam as duas funções, tudo de acordo com as situações do jogo.
Nessa figura, o posicionamento dos dois atacantes do Manchester City, aproximadamente na mesma distância do centro do gol. Reparem que a jogada transcorre pela esquerda e o que acontece na sequência. |
Na continuação da jogada: Balotelli (círculo azul) recua, abrindo espaço para a infiltração em diagonal de Aguero e também dando opção de passe para trás. |
Na sequência da jogada há uma inversão de funções: Balotelli recua, criando espaço para a infiltração diagonal de Aguero, que agora se comporta como centroavante. |
Como
sempre, vale ressaltar que as propostas feitas aqui não são regras, nem
soluções de todos os problemas. O próprio Barcelona sentiu falta na eliminação
da UCL de um centroavante que fizesse parede para as infiltrações ou disputasse
bolas pelo alto, já que os passes e ultrapassagens não estavam sendo efetivos
para furar a retranca imposta pelo Chelsea.
A idéia
principal da proposta é mostrar como uma equipe não precisa virar refém do
centroavante, sendo possível trabalhar alternativas que podem ser altamente
efetivas. Acredito, inclusive, que quanto maior a dinâmica da equipe, se bem
trabalhada e bem assimilada, traz como principal benefício o fator surpresa,
dificultando as ações do sistema defensivo adversário.
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