Tendo em vista as más atuações
recentes do São Paulo e a pressão recaindo sobre o técnico, Ney Franco, além
das críticas pelas fracas atuações de Ganso, coloquei-me a pensar sobre como
seria escalado o time se o técnico fosse outro. Com isso na cabeça, fui
pesquisar como jogava o São Paulo campeão do mundo de 1992, sob a batuta de
Telê Santana.
Cabe
ressaltar que a análise atual se baseia em apenas uma partida, sendo assim pode
não condizer com a maneira como o time jogava de modo geral na época.
A formação do São Paulo campeão do Mundo de 1992 |
A
equipe atuava no 4-3-2-1, variável de acordo com o posicionamento e
movimentação de Raí e Palinha, os dois meias. Palinha por muitas vezes se
alinhava aos volantes, formando uma linha de quatro no meio, enquanto Raí
encostava em Muller, formando a dupla de ataque. A marcação era feita quase
sempre a partir da linha central do campo, porém com bastante intensidade
sempre que o Barcelona ultrapassava a linha, tendo quase sempre oito atletas
atrás da linha da bola. A marcação era bem executada e articulada, dificultando
o progresso da equipe adversária.
A linha de três volantes e logo à frente os dois meias. Muita intensidade e pouco espaço para a equipe adversária no campo defensivo do São Paulo. |
Palhinha retorna formando uma linha de quatro com os volantes, enquanto Raí fica na frente com Muller. |
Com
a bola, o São Paulo apostava na transição em velocidade ou no contra-ataque,
raramente valorizando a posse de bola. A equipe abusava de bolas longas,
principalmente de Palinha e Cerezo, quase sempre procurando Muller, referência
de velocidade que não ocupava em hipótese alguma a intermediária ofensiva. Mesmo
jogando na referência, Muller não era centroavante, jogando mais pelos lados e
abrindo espaço principalmente para Raí, que alternava os papéis de ponta de
lança e centroavante.
Situação de contra-ataque: bola longa para Muller (que não retornava nunca para o campo defensivo) e projeção rápida de Raí e Palhinha, praticamente um 4-3-3. |
Quando
o time ficava mais com a bola, Cafu, Cerezo e esporadicamente um dos laterais
tinham mais liberdade para sair para o jogo, enquanto Pintado ficava mais
plantado atrás, junto com os zagueiros e o lateral oposto.
Não
foi necessariamente uma exibição de futebol-arte como a seleção de Telê dos
anos 80, porém o sistema defensivo esteve muito bem articulado, marcando de
forma intensa e bem organizada. Na frente a velocidade das transições e o fator
Raí fizeram a diferença.
O 4-2-3-1 do São Paulo, mutante de acordo com o comportamento de Palhinha, que recuava formando uma linha de quatro com os volantes e de Raí, que formava uma dupla de ataque com Muller. |
Ganso
diz se inspirar em Raí, e realmente tem algumas características semelhantes,
como a técnica refinada. Ney Franco poderia se inspirar na maneira que o São
Paulo de Telê jogava e deixar Ganso mais à frente, próximo de Luis Fabiano e
sem tanta obrigação defensiva, prendendo mais Jadson junto aos volantes
qualificando o passe de trás e Oswaldo fazendo uma função semelhante à de
Palhinha, voltando para compor a linha do meio de campo sem bola e projetando-se
em velocidade com a posse. A maior diferença seria que enquanto Muller era uma
referência de velocidade, Luis Fabiano é finalizador, sendo assim Ganso poderia
recuar mais para armar com a bola do que Raí fazia.