A UCL chega em sua fase decisiva com muitos
jogos interessantes. Vou aqui fazer uma prévia de como podem ser taticamente os
quatro principais duelos das oitavas: Barcelona X Milan, Real Madrid X
Manchester United, Borusia Dortmund X Shaktar Donetsk e Valência X PSG.
O Barcelona é favorito ante o Milan, mas vale
lembrar que na última temporada eles se enfrentaram quatro vezes e, apesar de
duas vitórias da equipe catalã e dois empates, foram embates duríssimos. Além disso,
o Milan conta com um time melhor que o da última temporada, principalmente com
o mais recente reforço: Balotelli.
Milan X Barcelona: promessa de duelos difíceis. |
O Milan deve apostar em um 4-3-3 compacto e
forte defensivamente e transições rápidas procurando a velocidade do jovem e
renovado trio de ataque nas costas da defesa da equipe catalã, que joga
bastante adiantada. No banco, Bojan é opção para renovar o gás ofensivo, e
Robinho para cadenciar o jogo.
O Barcelona não altera sua proposta de jogo:
posse de bola, extensa troca de passes e chegada ao gol adversário pelo chão.
Muitas ultrapassagens nas duas laterais, na direita Pedro (ou Villa) mais
incisivo, na esquerda Fábregas e Iniesta trocando de posição e Messi mais perto
do gol, em fase cada vez mais artilheira.
Outro duelo de gigantes opõe Real Madrid e
Manchester United, em fases opostas. Enquanto o United, do eterno Sir Alex
Ferguson, lidera com folga o campeonato Inglês e conta com o elenco mais forte
dos últimos anos, além da boa fase de Rooney e Van Persie, o Real Madrid
enfrenta uma grande crise entre o técnico Jose Mourinho e seus atletas, longe
do título do campeonato espanhol, má fase de alguns jogadores (como Di Maria e
Marcelo) e a lesão de seu líder: o goleiro Casillas.
O Real Madrid deverá superar o clima ruim se quiser superar o United, que conta com Rooney e Van Persie em boa fase. |
Como de praxe em jogos
importantes, Fergunson deve apostar em uma proposta um pouco mais cautelosa que
em jogos pela liga inglesa, mas sem mudar peças ou o desenho tático. Deve atuar
em um 4-4-1-1 que muitas vezes pode se formar em um 4-5-1 com Rooney recuando
para combater no meio. As jogadas ofensivas acontecem principalmente pelas
laterais, com combinações entre o “winger” (meia pelo lado) e o lateral. Rooney
atua com liberdade pelo campo, armando e chegando para finalizar, e Van Persie
é a referência com excelente faro de gol. Não se pode descartar também a escalação
dos experientes Paul Scholes e Ryan Giggs como titulares.
Já
o Real deve ficar mais com a bola e pressionar o United. A proposta de jogo é
bastante vertical, chegando ao gol com poucas trocas de passe. O desenho é o
4-2-3-1, com a dupla de volantes mais Ozil (o meia central) com boa qualidade
no passe e boa chegada na frente. Os meias pelo lado atuam com pé invertido, o
que possibilita infiltrações na diagonal. Ronaldo é mais atacante, enquanto Di
Maria ajuda a recompor o meio de campo. Não será surpresa a escalação de Essien
no lugar de Khedira (ou até mesmo de Di Maria) para vigiar Rooney.
Ambos
os times contam com boas opções no banco para reverter uma situação
desfavorável: enquanto o United tem Kagawa, Nani e os dois atletas experientes
citados acima, Real tem Marcelo, Modric e Higuain. Promessa de bons jogos, com
ligeiro favoritismo para o United levando-se em conta a fase que atravessam os
dois times.
Borusia Dortmund e Shaktar
Donestk protagonizam o que para mim será o duelo mais interessante e aberto das
oitavas de final. Duas equipes com o mesmo desenho tático (4-2-3-1) e proposta
de jogo parecida, com transição ofensiva rápida e incursões diagonais dos meias
pelos lados.
Borusia: maior tradição e boa fase podem pesar contra o Shaktar, que, sem Willian, deposita suas esperanças nos gols de Mkhitaryan. |
Ambas as equipes contam com uma dupla de
volantes com um mais marcador (Kehl e Hubschman) e outro com mais liberdade
para encostar nos meias (Gundogan e Fernandinho). O trio de meias promove
intensa movimentação e troca de posição em torno do centroavante, com a
diferença de que enquanto no Borusia o meia central (Gotze) é mais armador e os
meias pelos lados (Blas e Reus) atuam mais como atacantes, sendo mais
artilheiros, no Shaktar os meias pelos lados são mais armadores e o principal
artilheiro do time é o meia central (Mkhitaryan), que encosta bastante no
ataque, praticamente como segundo atacante.
A tradição e a boa fase do
Borusia aliada à saída de Willian, que foi o principal jogador do Shaktar na
primeira fase do torneio dão à equipe alemã um ligeiro favoritismo no duelo.
Desenho tático e proposta de jogo semelhantes. No Borusia, os meias pelos lados são mais atacantes, já, no Shaktar Mkhitaryan, o meia central, encosta mais no ataque. |
O Paris Saint Germain é apontado como favorito
diante do Valência, mais pelo elenco estrelar (Ibrahimovic, Lucas, Lavezzi,
Pastore, Thiago Silva, o técnico Carlos Ancelotti e agora David Beckham) que
pela proposta de jogo em si.
Para encaixar Lucas como titular no time,
Ancelotti apostou no desenho tático 4-4-2, com Lavezzi e Pastore adaptados como
meias pelos lados nas ações defensivas. A dupla de volantes deve contar com
Thiago Motta e Matuidi, mais marcadores, deixando Veratti (que tem melhor
passe) no banco. A aposta é na compactação defensiva e ligação direta,
procurando a altura e força de Ibra e a velocidade de Lucas pelos lados. Na
transição ofensiva, Lavezzi encosta nos atacantes, enquanto Pastore centraliza
para armar. Beckham, recém-chegado ao time, deve ficar como opção no banco.
O Valência, apesar de poucos
nomes de expressão, tem um time bem montado e bem articulado. Atua no 4-2-3-1 e
deve ficar mais com a bola que a equipe adversária. Os meias pelos lados
(Feghouli e Guardado) centralizam para articular o time, enquanto Jonas, o meia
central, encosta bastante em Soldado, praticamente como segundo atacante.
Pelo time em si, pela proposta de
jogo bem assimilada pelo elenco e pelo entrosamento, aponto Valência como
favorito, mas é inegável que o PSG conta com jogadores capazes de definir o
jogo em um ou dois lances.