Assim como toda virada de ano, uma nova
temporada traz algumas alterações nas equipes. Dispensas, atletas vendidos,
contratações, variações táticas decorrentes disso e de novas concepções do
técnico. As quatro grandes equipes de São Paulo mantiveram seus treinadores,
então taticamente é provável que haja poucas mudanças. O exercício aqui é de
imaginação, conhecendo a filosofia e a maneira de trabalhar de cada treinador e
os atletas que ele tem/terá a disposição.
Os quatro grandes de São Paulo mantiveram seus respectivos treinadores: continuidade dos trabalhos. |
O Corinthians
já tem uma filosofia de jogo e inteligência tática bem assimilada pelo grupo.
Isso deve ser mantido, mudando-se apenas as peças. Renato Augusto deve assumir
o lugar de Douglas e atuar na linha de três meio-campistas da equipe, que atua
em um 4-2-3-1 com muitas variações. O desenho padrão deve ser com Renato
Augusto pela direita, Emerson Sheik centralizado e Danilo pela esquerda,
podendo, como já é de praxe, haver grande troca de posições entre eles.
Pato chega
para brigar por um lugar na referência com Guerreiro, sendo que cada um tem uma
característica: Guerreiro é o pivô do time, segurando a bola e fazendo a parede
para a chegada dos outros jogadores. Pato é um jogador de mais mobilidade, que
pode cair pelos lados e trocar posições, abrindo espaços. Como aspecto
semelhante o fato de que ambos são finalizadores completos (as duas pernas e
cabeceio, além do senso de posicionamento). Em algumas situações de revezamento
do time, Pato pode também atuar na linha de três meio-campistas, com características
semelhantes à de Sheik.
Além de Pato e
Renato Augusto, outro que chega para assumir uma posição de titular é o
zagueiro Gil, que deve entrar no lugar de Paulo André. Em termos de assimilar a
filosofia da equipe, os reforços não devem ter grandes problemas. O grande
desafio de Tite será manter a motivação do elenco, levando em conta
principalmente a grande concorrência do setor ofensivo (que tem ainda Jorge
Henrique e Romarinho como opções).
Corinthians: 4-2-3-1 com muitas variações, opções e trocas de posições entre os atletas. Filosofia bem assimilada e boas contratações. |
Com
os atletas que tem a disposição, Kleina pode também variar o desenho para o
4-2-3-1 apenas com a mudança de comportamento dos jogadores, sem alterar peças
(como já fez durante o campeonato Brasileiro). Nesse caso, Wesley atua aberto
pela direita, Luan aberto pela esquerda e Souza recua para formar dupla de
volantes com Denoni.
Palmeiras: meio de campo leve e dinâmico, porém ainda falta um bom parceiro para Barcos na frente e suprir carências do elenco. |
Uma variação
que pode ocorrer é a aposta no 4-2-3-1 “torto”, presente nos melhores momentos
da equipe santista nos últimos anos. Nesse caso, Cícero daria lugar a René
Júnior, que formaria a dupla de volantes com Assunção. Montillo ficaria como
articulador central, Arouca seria o meia pela direita (mais conservador) e
Neymar seria o meia pela esquerda, mais agudo. Na referência, André.
Na
linha defensiva, Rafael continua no gol, Gallardo (ou Nei) deve assumir o lugar
de Bruno Peres (que está de saída), Neto inicialmente assume o lugar do
lesionado Edu Dracena e chega para lutar por um lugar entre os titulares, e
Guilherme Santos deve ganhar oportunidades nas muitas partidas que Leo irá
desfalcar a equipe. Taticamente, pouco muda.
O Santos de Muricy: compactação defensiva e transição ofensiva em velocidade pelos lados. |
A única peça
importante que o São Paulo desfez foi Lucas, que será substituído por Ganso. No
esboço feito por Ney Franco nos primeiros treinos do ano, o desenho tático foi
mantido: 4-2-3-1, agora com Jadson pela direita e Ganso centralizado armando.
Como a resposta não deve ter sido positiva, Ney Franco alterou o desenho nos
treinos seguintes: 4-4-2 com o meio de campo em losango. Wellington
na base, Denílson pela direita, Jadson pela esquerda e Ganso no vértice
ofensivo.
A maneira de
jogar, portanto, muito provavelmente será alterada. De uma equipe vertical,
apostando na velocidade dos atletas pelos flancos deve se tornar uma equipe um
pouco mais pragmática, valorizando um pouco mais a posse de bola, com uma
natural aproximação de Denílson, Jadson e Ganso na faixa central do campo.
Oswaldo segue sendo uma opção de velocidade pelos lados, tornando-se uma
válvula de escape. Além de tabelar pelo meio, muito possivelmente os meias
pelos lados irão formar parcerias com os laterais nos corredores, contando
também com a aproximação de Ganso e Oswaldo.
Caso queira
manter a maneira de jogar da equipe, Jadson ou Ganso pode sair e dar espaço
para um velocista pelo lado (Douglas, Ademilson, Wallyson ou Vargas), mantendo
assim o 4-2-3-1 do ano passado e o estilo mais vertical. É bem provável
inclusive que Ney Franco alterne entre as duas maneiras, de acordo com situação
de jogo, adversário, calendário e desfalques.
Na linha
defensiva, Paulo Miranda deve manter a titularidade na lateral direita, mesmo
desfalcando a equipe no primeiro jogo da pré-Libertadores por suspensão. Lucio
assume naturalmente um posto na defesa. Apesar da melhor qualidade técnica,
Tolói deve ser inicialmente sacado em detrimento de Rhodolfo devido ao fato de
que Tolói, assim como Lucio, atua pelo lado direito da defesa. No decorrer do
ano, com mais tempo para treinos, possivelmente Tolói volte ao time titular, no
lugar de Rhodolfo. No gol e na esquerda, Rogério Ceni e Cortês seguem soberanos.
O dilema de Franco: muda o desenho e as características do time, tornando-o mais cadenciado, ou mantém o estilo vertical com velocidade pelos lados? Deve variar. |