Quem acompanha o blog já deve ter
percebido um padrão: a defesa da mobilidade e leitura de jogo por parte dos
atletas, com o intuito de deixar a equipe mais imprevisível, qualificada e
difícil de ser marcada. Nas diferentes postagens defendi que os volantes devem
saber sair jogando, há possibilidade de jogar sem um centroavante fixo, com
mais jogadores de qualidade técnica em detrimento dos “obedientes taticamente”.
É
mais cômodo e fácil para os treinadores fechar um posicionamento “quadrado” dos
atletas. Eles se dispõem em campo da maneira que o treinador deseja, guardam a
posição e executam funções pré-determinadas. Praticamente um tabuleiro de
xadrez. O problema se dá no fato de que o futebol é um esporte dinâmico, com um
adversário que estuda sua equipe e planeja estratégias para anular suas
jogadas.
Na
minha concepção, esse é o principal motivo das quedas de rendimento na segunda
metade do campeonato das equipes de Cuca e alguns outros treinadores. Ele monta
um desenho legal, bem assimilado pelos atletas e dá resultado até que as outras
equipes consigam entender e assim combater a maneira de jogar do time. No caso
deste ano: saída de bola pelas laterais, Ronaldinho centralizado armando e a
velocidade de Bernard pela esquerda (cortando para o meio) e Danilinho pela
direita, com volantes mais combativos que pouco acrescentam ofensivamente. Alternativas
poderiam ser trabalhadas, como um passe mais qualificado vindo de trás,
aproximações e trocas de posição entre Ronaldinho, Bernard e Danilinho,
mudanças de desenho tático durante a partida com um meia se aproximando mais de
Jô ou vindo buscar o jogo...
Atlético-MG: obediência deixa time previsível (contra o Flamengo com Escudero no lugar de Bernard, suspenso, mas realizando exatamente a mesma função). |
Por outro lado, o maior feito de
Gilson Kleina em pouquíssimo tempo de trabalho até o momento foi justamente a
maior liberdade dada aos atletas em campo em relação ao Felipão, e os atletas
têm se sentido bastante à vontade com essa liberdade. O trio de volantes troca
posições constantemente, Valdivia ora compõe o meio de campo próximo aos
volantes, ora abre do lado oposto ao Maikon Leite (que não tem lado definido,
caindo ora pela direita ora pela esquerda) formando um 4-3-3... alternativas e
dinâmica que se moldam de acordo com situação de jogo, equipe adversária,
necessidades do momento, sempre através da leitura de jogo dos próprios atletas
(principalmente Henrique e Marcos Assunção), coordenados pelo treinador.
Formação inicial do Palmeiras: Henrique (amarelo) centralizado, Marcos Assunção (vermelho) pela esquerda e Marcio Araujo (azul) pela direita, com Valdivia com liberdade. |
Quando Henrique (amarelo) avança, Marcos Assunção (vermelho) volta para ocupar o espaço deixado por Henrique. |
Em algum momento da partida: Marcio Araujo (azul) pela esquerda e Marcos Assunção (vermelho) centralizado. Troca constante de posições. |
Como dito acima, é fundamental
que os atletas consigam perceber e entender as situações de jogo e buscar
soluções por conta própria, e isso vale para todos os setores (defesa, meio e
ataque). Ao técnico cabe o papel de coordenar isso, orientando, mas dando
liberdade para seus atletas. Nada de ficar cantando cada lance, com se
manuseasse robôs.